Sempre admirei as pessoas corajosas. Sejam personagens de filmes e livros, ou pessoas reais – incluindo os missionários que vão para os lugares mais inóspitos. Gente que arrisque a própria vida ou outras coisas que ame (reputação, segurança, emprego) pra fazer aquilo que é certo. Sempre desejei ser corajosa também, e continuamente peço a Deus esse dom. Mas faz poucos dias que aprendi a essência dessa virtude.
Foi observando essa figura que alcancei tal compreensão. Ela é uma ilustração de uma revista sobre Davi que encontrei aberta no meio da rua. Eu já sabia que, ainda como pastor, Davi tinha enfrentado e vencido um leão e um urso para salvar as ovelhas que essas feras arrebatavam.
“Então disse Davi a Saul: Teu servo apascentava as ovelhas de seu pai; e quando vinha um leão e um urso, e tomava uma ovelha do rebanho, eu saía após ele e o feria, e livrava-a da sua boca; e, quando ele se levantava contra mim, lançava-lhe mão da barba, e o feria e o matava.” (1 Samuel 17:34, 35)
Mas para o que despertava essa coragem no moço, eu nunca tinha atentado. Não podia ser pra se mostrar que ele se arriscava de tal forma, afinal, só as ovelhas estavam olhando, e elas nem sabiam falar para agradecer. No entanto, observei o modo como Davi abraça a ovelha, nessa figura… Isso acionou um gatilho em minha mente, e entendi: a verdadeira coragem nasce do amor. Uma pessoa pode mostrar-se destemida, e enfrentar todo mundo com insolência – mas esse tipo de “ousado” foge tão logo encontra uma ameaça séria a algo que muito preze, corre ao menor sinal de ter que enfrentar alguém do seu tamanho… Bem, o urso e o leão ultrapassavam e muito o tamanho de Davi, mas ele não recuou. Porque amava muito às ovelhas para entregá-las à boca do inimigo. Achava que valia a pena arriscar o pescoço para tentar salvar aquela coisinha tão frágil, indefesa e digna de compaixão. E depois, com Golias, um inimigo ainda maior, foi o amor de Davi ao Senhor, de que Golias blasfemava ao ofender Seu povo, que impeliu o garoto a aceitar o desafio do gigante.
No amor não há temor, antes o perfeito amor lança fora o temor
(1 João 4:18a)
Continuo achando lindo ser uma pessoa corajosa. Mas percebi que não adianta ser destemido a troco de nada; todas as virtudes são dadas conforme houver necessidade de usá-las; e nós temos essa necessidade. Porque nossa tarefa é amar, a Deus e uns aos outros – e isso nos obrigará a defender pessoas e valores que o mundo ataca, e o mundo é feroz. É bom lembrar que quem negar Jesus será negado por Ele diante de Deus (Mateus 10:33), e que os tímidos não entrarão no Reino dos Céus (Apocalipse 21:8). Faz todo sentido quando encaramos por esse ângulo, não é? Pois se não somos capazes de enfrentar nem mesmo as más línguas por amor de Cristo…
Então, ao invés de orar por bravura para mim, minha prece será que o Espírito Santo que nos foi dado continue a derramar o amor de Deus no meu coração, todos os dias (Romanos 5:5), para que eu aprenda a colocar o Senhor, sua vontade, e as pessoas que precisam de ajuda acima do meu conforto, meu sossego, e até mesmo da minha vida. Como fez Jesus, quando se entregou por nós.
Que Eu possa ser como Ele, e você também.
Graça e Paz!
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