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Diminuindo



Oi. Estou aqui hoje para falar de uma coisa que sempre me encantou: a harmonia entre os ministérios de Jesus e de João Batista.
João veio a terra seis meses antes do Salvador para, como profetizado por Isaías (Isaías 40:3, João 1:23), preparar o caminho para o Senhor. Ele foi enviado e capacitado por Deus para promover uma pregação de arrependimento, pra que as pessoas pudessem querer aceitar o perdão que estaria disponível após a consumação do plano de Deus na cruz.
Esta era a tarefa de João Batista, e ele tinha isso claro, como se pode notar em João 1:19-28. Ele sabia que devia batizar com água e, em sua comunhão com Deus, o Senhor tinha lhe revelado também algo sobre o próximo passo: que o Cristo viria, e batizaria com o Espírito Santo e com fogo. João cumpriu sua missão como um servo obediente, e por mais que demonstrasse poder e tivesse seguidores, a ponto de ser temido por Herodes (justamente por causa da obediência a Deus) nunca se ensoberbeceu ou alegou/ quis ser mais do que era.

“E confessou e não negou; e confessou: eu não sou o Cristo” (vers. 20)

Então, num belo dia aparece um homem, parente de João inclusive, querendo se batizar. E João sabe que Ele é o Cristo porque, estando sempre em comunhão com Deus, consegue reconhecer o sinal que o Senhor tinha dito que lhe daria (João 1:33,34). João não quer batizá-lo, porque sabe que Jesus é maior que ele, mas Jesus insiste em fazer isso “porque assim nos convém cumprir toda a justiça” (Mateus 3:15). É mais ou menos o mesmo princípio quando o Deus que tem tudo em suas mãos espera que nós oremos sobre um assunto para só então tomar uma atitude sobre ele. Deus nunca desrespeita algo que Ele mesmo estabeleceu. De modo que, mesmo Jesus sabendo também que era maior que João, submeteu-se sem arrogância ao ministério deste, para só depois começar o seu próprio. E mais tarde ainda deu honra a João diante do povo (Mateus 11:7-15).
A partir daí, João vê sua importância minguar, alguns dos seus discípulos passam a seguir Jesus (João 2:37), que já tem mais discípulos que ele… talvez ele até soubesse que sua morte estava próxima, já que tinha completado sua missão. E quando vieram contar a João que ele estava “ministerialmente ultrapassado”, que alguém “fazia mais sucesso” do que ele, e que por acaso – mas que traição! – era justamente o homem que ele tinha elogiado, João disse:

“É necessário que Ele cresça e que eu diminua” (João 3:30)

Leia João 3:27-36. João Batista mostrou que se as coisas eram assim, era porque Deus as tinha posto assim. Refrescou a memória dos seus discípulos sobre que ele não era o Cristo, como já tinha dito – ficando novamente evidente que ele bem sabia dos limites da sua missão – e manifestou sua alegria porque Jesus tinha vindo para a sua igreja, e que ele tinha tido a honra de ver isso. Pra concluir, disse palavras que Jesus também diria (João 5:19-24) provando que estavam ambos no mesmo Espírito.

E quanto a nós? Verdade que nosso trabalho não é, em certo aspecto, o mesmo de João, porque nós temos que continuar as obras de Cristo, e fazer maiores (João 14:12). Por outro lado, quando falamos de Jesus para alguém, ou de arrependimento, estamos sim fazendo o trabalho de João Batista: preparando o caminho para o Senhor entrar naquela vida e mudá-la. Quando o Senhor faz isso, será que nós sabemos, como João Batista, “tirar o time de campo” com serenidade?
Há muitos pastores e mestres que, tendo sido usados para iniciar pessoas no Caminho, aborrecem-se ao invés de ficarem felizes quando suas ovelhas ou discípulos começam a andar com as próprias pernas. Eles desejariam ter essas pessoas sempre sob suas asas, quando o plano de Deus é que elas criem as próprias asas para voar aonde Ele quiser levá-las (João 3:8).
Da mesma forma estes que sabem que Deus os destinou para coisas grandes não devem encher-se de arrogância e desprezar aqueles que Deus pôs para trabalhos aparentemente menores. Que sabemos nós sobre a ordem de importância no Reino dos Céus? “e qualquer que, entre vós, quiser ser o primeiro, que seja vosso servo” (Mateus 20:27). Todas as pessoas que se ensoberbeceram na Bíblia se deram mal (por exemplo, Nabucodonosor – ver Daniel 4). Então façamos como Jesus: vamos nos sujeitar a quem quer que Deus nos mande sujeitar-nos. “Tomai sobre vós o meu jugo, e aprendei de mim, que sou manso e humilde de coração” (Mateus 11:29).
Como eu disse no princípio, uma das coisas que mais me encanta é a harmonia entre os ministérios deles, João Batista e Jesus, especialmente cronometrados por Deus para formarem uma obra completa. E eu sei que o mesmo Deus que fez isso uma vez continua trabalhando assim nesta terra, programando o momento certo para cada palavra que um servo seu dirá a alguém que precisa ouvi-Lo. Devemos nos lembrar que na seara de Deus, por vezes o que planta e o que rega não são a mesma pessoa (1 Coríntios 3:7,8), e no fim das contas é Deus quem dá o crescimento, pois Ele é quem tem o plano, e precisamos ouvi-Lo para saber a hora em que começa nossa parte do trabalho e a hora em que devemos parar. Por vezes não veremos os frutos, mas Deus pode nos dar uma pista sobre o próximo passo que Ele dará enquanto estamos nos afastando, como deu para João (Mateus 11: 2-6), o que servirá para fortalecermos nossa confiança no Senhor, de que a obra que Ele começou será terminada (Filipenses 1:6).
Tive uma experiência bem interessante a esse respeito. Uma vez, através de um site de correspondência, comecei a falar pela Internet com um garoto russo. Ele era ateu, e eu falava de Jesus pra ele. O rapaz se mostrava muito crítico a respeito das igrejas cristãs em geral, mas dizia que as protestantes eram “um pouco melhores, mas só um pouco”. Numa outra conversa descobri o porquê de ele pensar assim: já tinha se correspondido com um homem americano, já velho e também cristão, que antes de mim falara de Jesus pra ele. O rapaz (chamava-se Artur) era muito duro, e vivia combatendo meus argumentos. Conversávamos em inglês e um dia ele desculpou-se de responder-me dizendo que não conseguia se expressar perfeitamente em inglês sobre esse assunto, mas se estivéssemos conversando na língua dele seria diferente. Num e-mail posterior, ele me contou que tinha encontrado uma garota na universidade dele que também acreditava em Jesus. “Ela é você”, ele me disse, espantado, referindo-se às crenças. Só que não, ela tinha uma vantagem, porque falava a língua dele… Nesse momento eu entendi que meu trabalho ali havia acabado; e de fato, acho que não trocamos nem mais dois e-mails. Agradeço muito a Deus por essa oportunidade de ter sido um elo num mover internacional do Senhor atrás de uma vida. E por ter visto as pontas que vieram antes e depois de mim – muitas pessoas não têm essa oportunidade – o que me fez ter certeza de que Deus continuará se esforçando até ter salvado o Artur.
Compreendem, irmãos? Existe uma programação perfeita, infalível, e ela não foi feita por homens – pelo contrário, as programações humanas tendem a atrapalhá-la. Precisamos entender que a esposa (Igreja) pertence ao esposo (Cristo), e seus atos devem ser coordenados por Ele. Nós somos os amigos do esposo, e devemos estar atentos à sua voz, que nos alegra. Devemos saber a hora de diminuir para que Cristo brilhe – em nós ou através de nossos irmãos.

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