Dele, por Ele e para Ele

Olha a palavra que Deus me deu pra escrever pra vocês hoje:

 “E quanto ao homem a quem Deus deu riquezas e fazenda e lhe deu poder para delas comer, e tomar a sua porção, e gozar do seu trabalho, isso é dom de Deus. Porque não se lembrará muito dos dias da sua vida; porquanto Deus lhe responde na alegria do seu coração.” Eclesiastes 5:19,20.

 Quando eu pedi a Deus que me explicasse ela, ele me deu essa outra :

 “E alguns houve que em si mesmos se indignaram: Para que se fez este desperdício de unguento? Porque podia vender-se por mais de trezentos dinheiros e dá-lo aos pobres. E bramavam contra ela. Jesus, porém, disse-lhes: Deixai-a, para que a molestais? Ela fez-me boa obra. Porque sempre tendes os pobres convosco e podeis fazer-lhes bem, quando quiserdes; mas a mim, nem sempre me tendes. Esta fez o que podia; antecipou-se a ungir o meu corpo para a sepultura.” Marcos 14:4-8

Qual é a relação entre elas? Ambas falam de riquezas. E eu fico receosa de tratar sobre isso. De verdade, acho que eu tenho uns certos preconceitos a esse respeito. Porque é tão comum hoje ver pessoas pensando somente em si entre os filhos de Deus, há tanta gente indo pra igreja pedir bênçãos materiais – sem a menor intenção de utilizá-las para abençoar mais alguém – que eu peguei nojo de qualquer conversa nesse estilo, e (Deus me perdoe!) até me entristeço com os versículos que as pessoas que pregam essas atitudes usam para se justificar.

Aí Deus me fez entender a necessidade de compreender bem justamente esses versículos, e explicá-los, para combater as interpretações erradas que parecem dar azo a confundir o Senhor Deus com um papai Noel.

E eu vou estruturar esse estudo assim, colocando minhas dúvidas em perguntas e tentando respondê-las pela palavra. Espero que seja de alguma ajuda para os irmãos que também se encontram perturbados por essas questões.

1.                  É lícito ter riquezas?

Bem, sim, como se pode notar pelo versículo acima, de Eclesiastes, e considerando que muitas pessoas foram abençoadas por Deus com riquezas, como Jó (Jó 42:12), Salomão (I Reis 3:13), Josafá (II Crônicas 17:5), e ao povo de Israel (II Crônicas 20:25). Mas surge outra pergunta…

2.                  Por que alguns podem tê-las e outros não?

Essa questão pode ser resolvida se observarmos a vida e principalmente as motivações desses que receberam tais presentes de Deus. No próprio versículo de I Reis 3:13, Deus diz porque abençoou Salomão com esse tipo de bênçãos: porque a cabeça de Salomão não estava naquilo. Ele não pediu riquezas, estava preocupado com dirigir bem o povo, cumprir bem a tarefa que o Senhor tinha lhe dado. O mesmo a respeito de Jó, que depois de ter passado por toda aquela humilhação, apenas queria restabelecer sua comunhão com o Senhor, e não podia prever que Deus lhe restituiria tudo em dobro. Quanto a Josafá, vemos em II Crônicas 17:3 e 4: E o SENHOR era com Josafá; porque andou nos primeiros caminhos de Davi seu pai, e não buscou a Baalins. Antes buscou ao Deus de seu pai, andou nos seus mandamentos, e não segundo as obras de Israel. Estes versículos vêm exatamente antes daquele que fala sobre as riquezas desse rei…

Tudo se resume em: "Mas, buscai PRIMEIRO o reino de Deus, e a sua justiça, e todas estas coisas vos serão acrescentadas."  (Mateus 6 : 33)

Não é exatamente o que temos feito, não é mesmo? Temos até vontade de trabalhar para o Senhor, de fazer a obra, mas depois que nossa vida estiver estabilizada, que tivermos alguma segurança financeira e tal…

Não pode! Isso está errado! É justamente por causa dessa atitude que as coisas continuam mal resolvidas em nossas finanças. Enquanto confiarmos nas riquezas, não poderemos ganhá-las. Se o que nos faz sentir seguros não é Cristo, a Rocha, mas a poupança da Caixa, estamos colocando nossa confianças – seguidos de nosso respeito, admiração, amor – no dinheiro. Estamos fazendo dele nosso deus. A Bíblia é veemente em alertar contra isso (Provérbios 11:4 e 28, Eclesiastes 5:13, Marcos 4:19, 10:24, I Timóteo 6:17).

Fazer essa escolha da boca pra fora é muito fácil, mas quais de nós estamos dispostos a depender dos corvos que Deus mandava a Elias (I Reis 17 : 4) ou do maná (Êxodo 16:11 em diante) para comer todos os dias? Qual de nós aceitaria receber o pão de cada dia mesmo, sem certeza sobre o de amanhã?

Outro motivo pelo qual alguns recebem riquezas de Deus e outros não está relacionado com a finalidade que Deus tem em mente quando dá algo a alguém, e com o uso que, Ele sabe, o abençoado fará daquilo que recebeu.

 3.                  Para quê Deus dá riquezas às pessoas?

Pelo mesmo motivo pelo qual ele dá todas as outras coisas – inteligência, talentos, qualidades – às pessoas: para que sejam usadas para a Glória dEle. Foi isso que a pecadora fez ao ungir Jesus. Era isso que Cornélio fazia ao dar esmolas (Atos 10 : 31). Foi isso que Ciro fez ao doar materiais para a reconstrução de Jerusalém (Esdras 3:7).

A primeira coisa a saber é que nada que vai contra os princípios de verdade e justiça pode glorificar a um Deus justo e verdadeiro. Então é natural que qualquer coisa feita para a Glória do Senhor tem que ser lícita, reta, e causar bem. 

É preciso termos cuidado com nosso agir, porque estamos rodeados por uma nuvem de testemunhas (Hebreus 12:! ) Nós somos a imagem do Senhor na Terra. Como somos filhos dEle, as pessoas olham para nós e, o que nós fazemos, eles consideram que foi aprovado, que Ele também faria assim.

Usar do dinheiro para passar por cima de leis (mais conhecido como suborno, ou corrupção): Deus nunca faria isso (II Crônicas 19 : 7). Oprimir os empregados para ter mais lucro: não é assim que o nosso Senhor nos trata. Provocar a falência de uma empresa menor para acabar com a concorrência, oprimir um inquilino em débito ou outro devedor qualquer, tirar o ganha pão de alguém? É totalmente contrário ao espírito do ano da remissão, que o Senhor instituiu (Deuteronômio 15). Não pense que uma oferta gorda para a igreja te justificará caso você tenha feito alguma coisa desse tipo, ou outra igualmente ruim, aproveitando-se do poder que o dinheiro lhe confere. O Senhor rejeitaria tal oferta; pra Ele, isso é abominável (Isaías 1:11-19).

Mas proceder de forma lícita não é tudo. Quando Deus dá riquezas a alguém, ele já tem um plano para o uso dessas riquezas. E cristão algum deveria reivindicar esse tipo de benção se não estiver disposto a seguir a instrução de Deus na hora de utilizar essa benção.

4.                  Como usar as riquezas?

Não existe um manual de “Como usar bens materiais para a glória de Deus” com um passo a passo pré-estabelecido. Devemos estar inseridos no mover do Espírito Santo, e Ele nos ensinará como proceder em cada ocasião.

No entanto, a Bíblia mostra algumas pessoas que tinham dinheiro e para que o usaram seguindo a ordem de Deus.

Nós temos os que são eleitos para mantenedores da obra, como Ciro (II Crônicas 36 : 23) ou as mulheres que serviam a Jesus com seus bens (Lucas 8 : 3). A estes Deus dá para que financiem a pregação do Evangelho e a obra de Deus num sentido mais estrito, de enviar missionários, ganhar almas, pregar a palavra, ou construir templos.

Em outras ocasiões, Deus pode inspirar na pessoa um ato de adoração, como o da mulher de Marcos 14:4-8. Repare nas palavras “Esta fez o que podia”. Ela estava dando o seu melhor, e apesar de sua oferta ter sido bem mais cara que a da viúva pobre (Marcos 12:42), em substância o significado de adoração era parecido. A mulher não ungiu Jesus para se exibir, para mostrar que podia comprar um perfume caro; ela queria adorá-lo, e entre suas posses, foi aquilo que ela achou de mais digno para expressar o respeito que ela tinha pelo Senhor Jesus. Nós nascemos para louvar a Deus; por isso Jesus disse que esse ato de louvor – que com certeza modificou algo dentro daquela mulher – era mais importante no momento do que distribuir dinheiro aos pobres.

A propósito, o que Ele diz é sempre tendes os pobres convosco e podeis fazer-lhes bem. Isso quer dizer que um trabalho para suprir as necessidades dos pobres é um dever permanente do cristão. Não se trata de assistencialismo, mas de viver a realidade da Igreja Primitiva de “não havia entre eles necessitado algum” (Atos 4:34). Se você ama teu irmão como a ti mesmo, conseguiria andar num carro de luxo enquanto ele passa fome ou apertos?

5.                  Todas as riquezas vêm de Deus?

Não. Porque existe o diabo dizendo a todo mundo “tudo isto te darei se, prostrado, me adorares."  (Mateus 4 : 9). Ele dá mesmo, as riquezas da injustiça, fruto de violência, de rapina (Provérbios 4:17, Salmo 32:10, Ezequiel 28:16), mas elas são ilusivas, e causam mais problemas do que resolvem (Eclesiastes 5:13). Provém do pecado e sufocam a fé. Mesmo que o homem usufrua delas durante a vida segundo aquilo que ele considera que é bom, chegará o dia em que pedirão a alma dele, e ele não vai gostar de saber pra quem será (Lucas 12:20). Se você ainda se sente tentado por essa ladainha do Cão, é muito útil ler o Salmo 73. 

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E é isso, irmãos.

“Graças te dou, ó Pai, Senhor do céu e da terra, que escondeste estas coisas aos sábios e inteligentes, e as revelaste às criancinhas; assim é, ó Pai, porque assim te aprouve."  (Lucas 10 : 21b)

Como esse não é um assunto fácil, é bem provável que não tenha terminado aqui; Deus pode querer dar mais revelações a vocês, então estejam atentos  para ouvir. E, se quiserem me contar, comentem aqui – eu teria muito prazer em ouvir e conversar sobre isso, sobre os ensinamentos de Deus.

De tudo o que foi dito aqui, retenhamos essencialmente: "Porque dele e por ele, e para ele, são todas as coisas; glória, pois, a ele eternamente. Amém."  (Romanos 11 : 36)

Faço minhas as palavras de Paulo.

A paz do Senhor esteja convosco.