"Curai os enfermos, limpai os leprosos, ressuscitai os mortos, expulsai os demônios, de graça recebestes, de graça daí…” Mateus 10:8
Esta foi a ordem passada por Jesus, quando comissionou seus primeiros 12 apóstolos e os enviou a pregar o Reino de Deus. A instrução é completa e se mantém até hoje.
O Senhor deu à eles, e depois à nós, a incumbência e o poder necessário para agir em Seu Nome cumprindo as tarefas acima mencionadas.
Mas algo me chama a atenção nesta frase: por que estariam os leprosos separados dos demais enfermos? E por que o Senhor ordenaria que eles fossem limpos e não simplesmente curados?
Porque a lepra a que ele se refere não é simplesmente uma doença do corpo, mas uma enfermidade no espírito, algo que só desaparece através da purificação.
Em outra oportunidade, quando João Batista envia seus discípulos à Ele, para testificar se Ele era o Messias, Jesus usa exatamente este termo quando se refere à lepra “Ide e anunciai a João…os cegos vêem, os coxos andam, os leprosos são purificados…” Luc 7:22
Percebam que Ele não disse “Os leprosos são curados” mas que eles são purificados
A Bíblia cita pelo menos 38 vezes a palavra “lepra” e 25 vezes a palavra “leproso”. Portanto, parece lógico que devemos buscar o sentido espiritual disso.
Pecado contra a Autoridade – a principal causa
O primeiro caso mais flagrante deste tipo de enfermidade aconteceu com Miriã, ferida de lepra por ter criticado seu irmão Moisés. A passagem narrada em Números 12 é muito clara e mostra que o Senhor se irou contra ela por ter falado mal de seu servo, não de uma maneira pessoal, mas questionando a autoridade que havia sobre Moisés.”Porventura falou o Senhor somente por Moisés? Não falou também por nós?” Num. l2 (2)
Outro exemplo terrível é o do rei Uzias, que após ter feito um excelente reinado durante 55 anos temendo ao Senhor, exaltou-se em seu coração e usurpou a função do sacerdócio, entrando no Templo para queimar incenso (coisa que não lhe era permitida). Este ficou leproso até o dia de sua morte. 2 Cron. 26
Há outros exemplos como o de Geazi, que falou em nome do profeta Eliseu e mentiu para angariar uma oferta que já havia sido recusada. 2Reis 5(20 á 27). Ele tentou vender uma unção que nem lhe pertencia. O resultado foi lepra para ele e toda a sua descendência..
O ponto em comum nestas três histórias é um pecado bastante frequente- desconsiderar ou profanar uma coisa chamada Autoridade de Deus.
Esse é um princípio tão sério, que uma vez transgredido, leva certamente à lepra espiritual.
Em nossas igrejas, ou nas salas de discipulado, sempre ouvimos falar que não se pode atacar um ungido de Deus, falar mal de um pastor ou de qualquer líder. Mas esta recomendação costuma ser acompanhada de pouca ou nenhuma explicação. No máximo citam sempre o mesmo chavão “ai do que tocar no meu ungido”. É algo assim “Cuidado, porque Deus vai ficar bravo com você!” “Isso é rebeldia, vai trazer maldição sobre a sua vida!” E fica aquele temor religioso, sem profundidade, sem entendimento.
E a gente fica com tanto medo que não se arrisca a dizer nem que o pastor é feio. Pior, nem em pensamento, ousamos questionar qualquer de suas atitudes. E o líder é “endeusado”, obedecido cegamente, mesmo quando não está sendo guiado por Deus, o que quase sempre acaba em escândalo- porque as ovelhas o tinham como alguém sobre-humano, acima dos demais mortais. Muitos enfraquecem na fé e se retiram em silêncio, simplesmente decepcionados, porque presos à esse falso conceito de Temor à Autoridade, deixam de examinar os pontos de conflito à luz das Escrituras.
Outros estão dentro da igreja, sendo liderados por verdadeiros servos de Deus, mas questionam tudo, blasfemam, ofendem o Espírito Santo e deliberadamente se levantam contra a Autoridade constituída ali, por ignorância, orgulho, insensatez e por se recusarem a abandonar sua visão carnal.
Em todos os casos, o que liberta é o conhecimento da verdade e o que purifica ainda é a Palavra de Deus.
Diante de Deus somos todos iguais, somos todos ovelhas do Seu pasto. Não existem grandes ou sobrenaturais. Ao menos na dimensão que o mundo conhece.
Na dimensão do Reino de Deus, maior é aquele que serve, não aquele que manda. Autoridade é sinônimo de maior responsabilidade, “porque àquele a quem mais foi dado muito mais será cobrado.” E todos nós prestaremos contas diante Dele.
Quando o Senhor delega autoridade à alguém, para dirigir um trabalho ou fazer qualquer obra, não quer dizer que Ele deu, ou que esse alguém possa simplesmente se apossar dessa autoridade, porque ela ainda pertence à Deus. Mas quer dizer sim, que essa pessoa está autorizada a agir ou falar em Nome do Senhor, precisamente no encargo que lhe foi conferido e sob a estrita direção do próprio Senhor, ou do Espírito Santo. Ele também é um servo, como outro qualquer, um mordomo ou um mensageiro, mas se você desrespeitá-lo, em suas funções, estará afrontando o próprio Senhor que o enviou.
Por isso é muito perigoso agir sem entendimento ou falar sem conhecimento. Se você reconhece que a unção de Deus está sobre a vida deste ou daquele, não seja precipitado nos seus julgamentos (aliás, nem julgue). Se não entender alguma coisa, peça humildemente a Deus que venha a tirar toda dúvida. A Palavra ainda é seu guia, a lâmpada que vai iluminar o seu caminho. Nada que venha de Deus contraria a sua Palavra.
E ainda temos o Espírito para nos guiar em toda a Verdade.
“Mas se andarmos na luz, como ele na luz está, temos comunhão uns com os outros, e o sangue de Jesus Cristo, seu filho, nos purifica de todo o pecado.”
I João 1:7
Rebeldia – um princípio satânico
Sabemos que no universo existem dois princípios – o da autoridade de Deus e o da rebeldia satânica.
Deus é o autor de toda a Criação, portanto Dele é a autoridade sobre todas as coisas. Por isso Jesus ensinou-nos a reconhecer que: “Teu é o Reino, o Poder e a Glória, para sempre.”
Satanás tentou usurpar isso, competir com o Senhor. O princípio da auto-exaltação foi o que violou a autoridade de Deus. E por isso ele caiu.
Adão também caiu ao passar por cima da autoridade de Deus e desobedecê-lo. Julgou segundo seus próprios pensamentos e isso foi rebeldia.
Quando você se insurge contra uma autoridade constituída por Deus, corre o risco de estar se rebelando contra a própria autoridade divina e isso causa lepra.
Mesmo quando esta autoridade está andando errado, fora da vontade de Deus, nunca se levante contra ela. Neste caso você não lhe deve obediência, já que ela mesma (a autoridade) está sendo regida pelo princípio satânico, mas lhe deve respeito, consideração- porque ela foi ordenada por Deus e “quem és tu, que julgas o servo alheio?…” Rom. 14:4
Davi conhecia muito bem estes princípios e por isso poupou por duas vezes a vida de Saul. Veja o que ele diz em 1 Sam. 26:10,11
Formas de contágio, consequências e a purificação
Comparando as manifestações físicas da doença chamada lepra, constatei algumas semelhanças com a lepra espiritual. Para começar a lepra é contagiosa, ou seja, se você entrar em contato direto com uma pessoa leprosa, pode ser contagiado ( por isso os leprosos precisavam ficar isolados dos demais para tratamento).
O mesmo pode acontecer na lepra espiritual. Se você anda com um blasfemador, um herege ou um rebelde consumado, será contaminado mesmo sem perceber.
Também se podia adquirir lepra vivendo em péssimas condições de higiene, ou seja, no meio da imundície. Logo, se você é o tipo de crente inclinado demais para as coisas da carne e não rejeita totalmente algumas sujeiras deste mundo, a sua percepção das coisas de Deus também vai ficar embaçada, os seus olhos não serão luz e isso pode levá-lo a blasfemar das dignidades, como qualquer ímpio.
As consequências da lepra espiritual também se parecem com a da lepra física. Em sua evolução, as duas lepras vão enfraquecê-lo, transformar sua aparência em algo sem brilho, sem vida depois atacarão as extremidades, os pés (prejudicando a caminhada) e as mãos (inutilizando para o trabalho na Obra).
Mas o caminho para a purificação está aberto. Jesus quer limpar os leprosos. Basta submeter-se à verdade da Palavra e rejeitar toda desobediência satânica. O arrependimento é poderoso remédio e a humildade um excelente antídoto.
Deixo com vocês, meus irmãos, as palavras de Davi em sua oração no salmo l0:
“Também da soberba guarda o teu servo, para que não se assenhoreie de mim, então serei sincero e ficarei limpo de grande transgressão.
Sejam agradáveis as palavras da minha boca, e a meditação do meu coração perante a tua face, ó Senhor, Rocha minha e Redentor meu.” Sl. 19:13,14
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