Comércio no Templo
“A meu povo ensinarão a distinguir entre o santo
e o profano; e o farão discernir entre o impuro e o puro.”
Ezequiel 44:23
A
Igreja é, e sempre deveria ser vista por todos, como um lugar totalmente
separado do mundo. Deus é santo. E como poderíamos desejar a presença de Sua
Glória, de forma plena, se permitimos abrigar no templo qualquer espécie de
interesse comercial?
Não
importa qual é a “moda” e quanto isso tem sido aceitável nas igrejas evangélicas.
Se formos perguntar ao Senhor, ouviremos uma resposta clara:
“...A minha casa será chamada casa de oração, mas
vós a tendes convertido em covil de ladrões.”
Mateus 21:13
No
livro de Marcos (11:15 a 18) está escrito que Ele, Jesus, não consentia que
ninguém carregasse nenhuma mercadoria pelo templo. Nem mesmo com a desculpa de
que era algo destinado ao próprio serviço a Deus, porque não escaparam nem as
pombas que eram usadas como oferta.
Hoje,
se Ele entrasse em nossas igrejas, o que Ele destruiria? Certamente nem as
mesinhas onde se vendem bíblias escapariam (porque há outros lugares onde se
pode comprá-las).
Ao
fazer as reformas em Jerusalém, Neemias repreendeu severamente aqueles que
comercializavam profanando o tempo que deveria ser dedicado ao Senhor (Neemias
13:15). É porque era sábado? Não! Porque aquele dia foi criado para que o homem
pensasse apenas nas coisas que são do alto, e não se preocupasse com as
necessidades terrenas.
O
sábado foi criado para que o próprio homem reconhecesse o domínio de Deus sobre
todas as coisas, e aprendesse que ele, homem, é um ser espiritual.
A
purificação do templo feita por Jesus tinha esse mesmo sentido.
Agora,
alguém logo vai perguntar: e as necessidades da obra?
Se não
aceitarmos que Deus é capaz de prover a sua própria casa, como ensinaremos os
crentes que Ele é provedor de cada uma das nossas necessidades? Com que
autoridade vamos pregar “Buscai o Reino e tudo mais vos será acrescentado”?
O
Senhor é quem sustenta a Sua casa (Efésios 5:29), não só no sentido espiritual
mas também material. Não podemos dar nada a Ele, porque Ele é quem nos dá todas
as coisas. Em Gênesis 22:14 isso é claro: “...no monte do Senhor se proverá.”
Os
caminhos mais naturais para que chegue essa provisão à Igreja estão indicados na
própria Palavra:
- Quando Deus ordenou que Moisés edificasse o
tabernáculo, o Espírito Santo moveu o coração dos israelitas para que nada
faltasse. E as ofertas abundaram. Ver Êxodo 33:5 a 19 e 36:4 a 7.
Essa
mesma situação se repete outras tantas vezes; a cada ocasião em que se
purificou o santuário, nota-se que o povo, ao ser convocado, ofertava com
alegria. Ver Ezequias, Josias, Joás, etc.
Basta
ensinar e esclarecer o povo sobre o benefício de dar ao Senhor essa prioridade
e o Espírito Santo fará sua obra no coração de cada um.
O povo
também precisa se sentir participante da obra; inclusive partilhando das
dificuldades. Porque afinal, o Pai nos confiou um Reino e, como filhos e
herdeiros, cada um de nós precisa ter compromisso com isso.
- O Senhor também levante, dentro ou fora do
Corpo, pessoas especialmente chamadas para suprir as necessidades de Sua
casa ou de Seus obreiros. São os mantenedores (Lucas 8:2,3, Neemias 2,
Esdras 7).
Por
esses canais, a provisão sempre será uma recompensa da fé, embasada na verdade
e sem risco de ofender a santidade de Deus. Mas onde entra o esforço humano ou
sua ansiedade, tudo pode acabar mal. Alguns exemplos:
- Criar rifas ou sorteios para angariar fundos
limita a benção de Deus, porque a atenção vem do que é espiritual para o
mundano, oferecendo a possibilidade de ter um bem material como recompensa
daquilo que deveria ser dado voluntariamente.
- Cantinas, “point-gospel”, ou coisas do
gênero, além de distrair a atenção do culto, trazem o mundo, o
materialismo, para dentro do lugar santo. E se tiverem o propósito de
ajudar “o caixa” da Igreja, é muito pior, porque entra a mentalidade
comercial de quem compra e de quem vende, produzindo até mesmo suspeitas,
críticas ou contendas entre os irmãos. Além da falta de fé em si própria
que a Igreja vai passando para os fiéis, alguns podem se sentir
“justificados com Deus” quando compram alguma coisa “para ajudar”.
- O “estar partilhando com os santos de suas
necessidades” também não é permitir que promovam negócios particulares
dentro da Casa de Deus. Ex.: irmãs que vendem pano de prato ou objetos de
artesanato no templo. A Igreja deve criar mecanismos para ajudar seus
necessitados sim, mas não dessa forma.
- Expor mercadorias para a venda dentro do
santuário é um abuso maior ainda. Nossas igrejas, que já não têm imagens
de escultura porque elas são abomináveis, ostentariam outros objetos de
consumo como ídolos, nas paredes e até no altar?
“Esta é a lei do Templo: sobre o cume do monte
todo o seu contorno será santíssimo.”
Ezequiel 43:12
O lugar
onde se espera que esteja a nuvem de Glória do Senhor pode conviver com festas
e reuniões sociais, mesmo que elas tenham um “apelo” espiritual? O que nos diz
a Palavra:
“Não tender casas onde comer e beber? Ou
menosprezais a Igreja de Deus?”
1 Coríntios 11:22
- Chás beneficentes, bazares, desfiles de moda
ou outro tipo de reunião para misturar assuntos que não dizem respeito à
fé devem ser feitos em espaços adequados, fora das dependências do templo.
- Vigílias, festa de “réveillon”, etc., não
devem incluir comidas e bebidas, a não ser algum alimento especial como
representação profética totalmente dirigida pelo Espírito Santo.
O
crente não deve jamais ir à Igreja para saciar suas necessidades da carne, pois
isso ele pode fazer fora de lá.
“Dai, pois, a César o que é de César, e a Deus o
que é de Deus.”
Lucas 20:25
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