Não vos fieis em palavras falsas, dizendo: Templo do Senhor, templo do Senhor, templo do Senhor é este.
Mas, se deveras emendardes os vossos caminhos e as vossas obras; se deveras executardes a justiça entre um homem e o seu próximo; se não oprimirdes o estrangeiro, e o órfão, e a viúva, nem derramardes sangue inocente neste lugar, nem andardes após outros deuses para vosso próprio mal, então eu vos farei habitar neste lugar, na terra que dei a vossos pais desde os tempos antigos e para sempre.
Eis que vós confiais em palavras falsas, que para nada são proveitosas.
Furtareis vós, e matareis, e cometereis adultério, e jurareis falsamente, e queimareis incenso a Baal, e andareis após outros deuses que não conhecestes, e então vireis, e vos apresentareis diante de mim nesta casa, que se chama pelo meu nome, e direis: Somos livres para praticardes ainda todas essas abominações?
Jeremias 7:4-10
Ser "da igreja" ou ter feito uma oração aceitando Jesus não é o que nos salva. O que nos salva é o arrependimento que produz frutos, seguido da fé que produz conversão, a fé manifestada em obras de Justiça.
Vemos nessa passagem que o povo de Israel presumia que Deus estava no meio deles simplesmente porque entre eles ficava o templo do Senhor. Nenhuma outra nação tinha o templo do Deus Verdadeiro, e eles pensavam que só esse fato já os tornava melhores do que os outros e lhes garantia salvação. Os mandamentos eram... detalhe.
Israel conhecia o princípio da eleição, e nele se confiava para sua salvação. Ocorre que Deus os salvou para uma finalidade, para ser o povo dele, não apenas nominalmente, mas refletir, efetivamente, em seus atos, a Glória de Deus. E refletir por meio dos mandamentos. Embora a lei sozinha não pudesse salvá-los, se um judeu se esforçava para obedecer a lei, significava que Ele tinha em conta tudo o que Deus havia dito, se preocupava em agradar a Deus, e acreditava na relevância das palavras de Deus, inclusive nas promessas. Obedecer a lei era, pra eles, o modo de demonstrar sua fé.
Mas quando eles se afastavam da lei, desprezando-a, ficava evidente que não queriam nada sério com Deus. Não tinham fé em todas as palavras de Deus, porque se tivessem, temeriam fazer as coisas que a lei dEle proibía, em vista das maldições que a lei prometia pra quem a violava. Queriam, por assim dizer, os lucros de ter um Deus Todopoderoso protegendo-os e ajudando-os... a atingir seus próprios fins. Ñão desejavam se sujeitar à vontade d'Ele. Queriam ser donos de Deus, e não o contrário; não queriam um relacionamento, mas preferiam tratar sua relação com Deus como um negócio. Por isso o apego à parte sacrificial da lei, muito mais que à mandamental, que Deus repreende nesse outro trecho desse capítulo:
¶ Assim diz o Senhor dos Exércitos, o Deus de Israel: Ajuntai os vossos holocaustos aos vossos sacrifícios, e comei carne.
Porque nunca falei a vossos pais, no dia em que os tirei da terra do Egito, nem lhes ordenei coisa alguma acerca de holocaustos ou sacrifícios.
Mas isto lhes ordenei, dizendo: Dai ouvidos à minha voz, e eu serei o vosso Deus, e vós sereis o meu povo; e andai em todo o caminho que eu vos mandar, para que vos vá bem.
Mas não ouviram, nem inclinaram os seus ouvidos, mas andaram nos seus próprios conselhos, no propósito do seu coração malvado; e andaram para trás, e não para diante.
Jeremias 7:21-24
O trecho final do versículo 10 me impressiona bastante. "...e direis: Somos livres para praticardes ainda todas essas abominações?". Na versão em russo, ainda fala "и говорите: `мы спасены' (somos salvos), чтобы впредь делать все эти мерзости."
Não parece tão atual? Não parece ter sido escrito para cristãos ao invés de para judeus? É tão comum ouvir-se falar da "liberdade que temos em Cristo", usando-a como desculpa para a libertinagem (em sentido amplo). Mas Paulo bem disse que somos livres não para dar ocasião ao pecado, para entregar nossos membros aos prazeres carnais.
¶ Porque vós, irmãos, fostes chamados à liberdade. Não useis então da liberdade para dar ocasião à carne, mas servi-vos uns aos outros pelo amor. [...] Gálatas 5:13
Somos livres do pecado e do mundo, para vivermos em Cristo. Jesus nos libertou para si (1 Coríntios 6:20). O amor d'Ele é perfeito, e por isso realmente nos fez livres; Ele não nos salvou em troca de um contrato, de que poderíamos obter a salvação se fizéssemos isso ou deixássemos de fazer aquilo. Mas o próprio sinal da salvação é que, livres da prisão do pecado, nós, voluntariamente, nos colocamos sob o senhorio, sob o jugo suave de Cristo (Mateus 11:29-30, Romanos 6:17-23). Colocamos a Palavra d'Ele acima de tudo na nossa vida, inclusive pelo desejo pelo pecado - que não tem mais poder pra nos aprisionar (Romanos 8:2).
Como dizer que somos livres, somos salvos, se o pecado continua sendo o poder predominante nas nossas vidas? Nesse caso não somos realmente livres, mas simplesmente nos enganamos a nós mesmos, nada mudou.
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